sábado, 28 de julho de 2012

Biograffiti - três atos com Rita Lee


Certa vez me disseram que Rita Lee é a maior rockeira de todos os tempos. Na hora eu disse “não” (reflexo de quem cresceu ouvindo rock britânico e estadunidense). A mesma pessoa me perguntou “então, quem é?”...
Silêncio...
Interessante que um dos meus primeiros LP’s, comprados na antiga Mesbla pela minha mãe, foi o Flerte Fatal e já assisti a seu show em Recife em 2001. Mas nunca me aprofundei na sua obra e sinto que perdi anos nessa negligência.

Letras provocativas e uma música quase sempre swingada, Rita fez uma das melhores fusões entre o “lá de fora” e o “aqui de dentro”. Aberta a novas influências, sem esquecer sua essência, ao lado do seu marido e músico Roberto de Carvalho, nos deu um catálogo de música inigualável no mundo.

Conseguiu, como poucos, sair dos anos 60 e transitar pelas décadas seguintes sempre associando qualidade musical ao sucesso radiofônico e nunca deixando de ser relevante. Rita é simples e sofisticada ao mesmo tempo e o sucesso que sempre teve no país não está de acordo com o pouco reverenciamento que recebe. Imagina se ela fosse do hemisfério norte?

Biograffiti, série em três atos (DVD’s), é uma imersão na vida e obra de Rita Lee. O primeiro momento é o Ovelha Negra, onde Rita fala da sua vida, família, influências e sua trajetória musical, com detalhes que envolvem Os Mutantes, tropicalista, a banda Tutti Frutti e sua carreia solo. O segundo ato, Baila Comigo, é dedicado a música, com o processo de composição, parcerias e shows. O último momento é o Cor de Rosa Choque em que discute a sua trajetória como mulher no Brasil desde os anos 50, quando iniciou suas contestações ao mundo masculino. “Não precisa de culhões pra fazer rock, pode-se fazer com ovário”, segundo ela! Só senti falta de mais imagens antigas. Ficamos muito nas descrições e narrações da própria Rita.

É tudo tão espontâneo que vi os três documentários e os recomendados extras sem perceber a hora passar. Depois me vi pesquisando ainda mais sobre ela e, por fim, escrevendo esse post no calor da empolgação.
Biograffiti é mais que recomendado!

Se alguém me perguntar quem é a maior rockeira de todos os tempos...

Resposta: Rita Lee 

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Eu Dei

Um negro pobre torna-se um dos maiores ídolos da música e da televisão brasileira nos anos 60 e, por circunstâncias que fugiram ao seu controle, entrou no ostracismo. Parece sinopse de filme, mas é um resumo da vida de Wilson Simonal.

O documentário de Claudio Manoel (Casseta & Planeta), Micael Langer e Calvito Leal “Simonal – NinguémSabe o Duro que Dei” apresenta o artista descrito acima, sem esquecer o homem que foi. Da pobreza negra carioca à classe média branca, com talento e algumas oportunidades, Simonal esteve nas manchetes dos anos 60, seja por sua qualidade musical, a vida que levava ou a polêmica que o derrubou. Era o auge do período ditatorial militar brasileiro.

Fazendo uso de entrevistas de pessoas como Chico Anysio, Miele, Boni, Toni Tornado (que merece um documentário), Ziraldo, Castrinho, Nelson Motta, Artur da Távola, Pelé, entre outros, o documentário retrata o momento conturbado que passava o Brasil e a vida de Wilson Simonal.

As imagens da época mostram um Simonal extremamente seguro no palco (que dividiu de Elis Regina à Sarah Vaugham); as apresentações semanais na TV; seu envolvimento com as mulheres; a ligação com o futebol e seu entendimento e engajamento sobre problemas raciais que vivenciava. Tudo é colocado de maneira muito sincera.

Um dos depoimentos que mais explica o Simonal vem de Miele, quando descreve uma ida à uma sauna no Leblon e lá Simonal é recebido com toda a pompa das grandes estrelas. Ele pergunta a Miele que endereço é aquele só para confirmar que aquela casa antes era de uma família que não permitiam que seus empregados tivessem filhos. Sua mãe foi uma das empregadas que fazia marmitas escondidas para dar a ele.

Mas o documentário é extremamente corajoso, principalmente ao lidar com o processo que envolveu seu contador (que segundo ele próprio, foi torturado com a anuência do próprio Simonal), o DOPS, o seu suposto envolvimento com o SNI e, em seguida, seu afastamento/esquecimento da mídia. Simonal supostamente cometeu o maior de todos os crimes, o de delatar seus “pares”. Me parece o Calabar do século XXI (comparando ao “mulato” que se tornou informante dos holandeses na “luta” contra os portugueses no século XVII).

Os depoimentos mais bonitos ficam por parte dos seus filhos, Max de Castro e Wilson Simoninha, que cresceram com um pai depressivo, mas consciente da sua importância dentro da música brasileira. A sua esposa, Sandra, dá o melhor depoimento de todos ao falar como ele já mais velho e doente assistia aos shows dos filhos escondido atrás de pilastras para que sua presença não “prejudicasse” suas carreiras. Impossível não chorar junto com ela nesse momento.

Passado o tempo do bem (esquerda) contra o mal (direita). Hoje precisamos reescrever a história, mesmo que, infelizmente, o Simonal não esteja mais aqui para ressurgir sob aplausos, no final apoteótico que seria sua jornada, caso não fosse real. Na realidade, ele faleceu de cirrose devido ao alcoolismo que se instalou em sua vida.

Se hoje não podemos mais aplaudi-lo de pé e tentar diminuir um pouco os estragos causados, podemos desfrutar das excelentes interpretações de Simonal e seus discos que quando não podendo ser comprado, podem ser baixados com relativa facilidade. Para quem passou a maior parte no ostracismo imposto, ter sua obra reverenciada pode ser um alento.
 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

O Que é Rock'N'Roll?


Já me perguntaram o que é Rock’N’Roll e eu nunca consegui responder. No dia do rock, eu vou tentar...

Pra mim, é o riff Chuck Berry, a voz Howlin Wolf, o gingado de Little Richards, a base de Muddy Waters, a sofisticação dos Beach Boys, a viagem do Pink Floyd, o espalhafato dos Guns´n’Roses, a longevidade dos Rolling Stones, o peso leve do Led Zeppelin, o fogo de Jimi Hendrix, o oculto do Black Sabbath, o ativismo do U2, a volta à raiz do Nirvana, a pegada do Deep Purple, a realeza de BB King, a majestade do Queen, a viceralidade do The Who, o progressivo do Genesis, o soul do Animals, o desapego de Willie Dixon, a voz feminina de Janis Joplin, a voz masculina de Elvis, a rapidez do Iron Maiden, a contestação dos Sex Pistols e The Clash, o lirismo de Bob Dylan, o pioneirismo de Bill Haley, a diva masculina Elton John, as mutações do Yes, a suavidade de Bessie Smith, a metamorfose de David Bowie, os solos de Eric Clapton, a maquiagem do Kiss, o escuro do The Cure, a porrada do Aerosmith, a melodia do R.E.M., a batida do The Police, a síntese de Lenny Kravitz, o sofrimento de Ray Charles e Johnny Cash, os acordes do The Byrds, a leveza de Simon & Gurfunkel, a explosão do Creedence Clearwater Revival, a narrativa do The Doors, a raiva do Rage Against The Machine, as invenções de Frank Zappa, a estranheza do Radiohead, o swing de Marvin Gaye, os plágios do Oasis, o peso do Metallica, a depressão do Joy Division, a técnica do Rush, o piano de Fats Domino e Jerry Lee Lewis, as misturas de Santana, a emoção de Stevie Wonder, o escracho do AC/DC, as asas do Wings, os cavalos loucos de Neil Young, a raiz de Robert Johnson, a entrega de Aretha Franklin, a fusão do Grand Funk Railroad, as homenagens do Black Crowes, o acelerado do Ramones, a acidez de Iggy Pop, a flauta do Jethro Tull, o Underground do Velvet, a angústia de Bruce Springsteen e a coerência do Pearl Jam.

A alegria de Ringo Starr, a vitalidade de Paul McCartney, a sinceridade de John Lennon e a emoção de George Harrison. Acima de todos, os Beatles são a síntese do rock’n’roll!

Para o que é Rock'N'Roll brasileiro, aqui

sábado, 7 de julho de 2012

Os Heróis do Sucesso e seu legado para mim


Poucas são as vezes que nós professores nos deparamos com uma turma coesa, fechada e quase sem problemas internos. Só vi isso duas vezes nos meus seis anos de profissão. Poder lecionar numa turma assim é um privilégio. Manter contato com as pessoas que formam essa turma faz com que eu me sinta um prestigiado. Três anos após o nosso último contato, poder ser professor homenageado era inimaginável.

Houve um momento em que me senti completamente estagnado dentro da minha profissão e essa turma, ainda no seu primeiro período, me mostrou que era preciso mais do que exercer uma profissão, é necessário lutar por ela. Aprendi a lição e a coloquei em prática. Hoje vejo a Geografia de maneira diferente, graças a esses administradores.

Ontem pude falar isso para eles enquanto eu olhava seus rostos e as lembranças do nosso convívio bombardeavam minha mente. Depois poder abraçá-los e, com isso, agradecer todo o carinho que recebi, foi um dos momentos mais importantes da minha profissão.

Ter convivido com eles em 2008 e 2009 e poder partilhar a noite de ontem, foi um dos melhores momentos da minha vida. 

Eu fui um professor que realmente aprendeu com os alunos e me sinto honrado com isso.

E parecendo roteiro de cinema, o professor que aprendeu com os alunos, é convidado para ser o patrono. Eu sou o patrono da turma que mudou minha maneira de ver minha profissão!!!

Parabéns pela competência, organização, zelo, amizade, dedicação, comprometimento, reconhecimento dos Heróis do Sucesso.

Muito Obrigado!

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