quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Meu amigo (cão) Mike!

Mike era um excelente companheiro à tarde e à noite, curiosamente ele gostava de dormir pelas manhãs. Algo que se encaixava perfeitamente comigo.

Mike entrou na minha vida quando eu era adolescente e se tornou um grande companheiro, mesmo sendo um cão pequeno. Passamos muitos momentos juntos. Pra ele, eu falava sobre os amores, as frustrações, as dúvidas, os desejos, a vida e até sobre música e cinema. Ele sempre estava lá com um olhar cúmplice, uma orelha levantada ou uma cauda abanando! Eu até acho que ele me entendia, mas sabiamente se fingia de cachorro pra que eu me sentisse mais à vontade em me abrir...
Mike gostava de PinkFloyd e detestava Bob Dylan! O curioso é que eu estava ávido para conhecer Dylan, mas Mike não deixava. Ficava uivando toda vez que a gaita tocava. Era um tormento! Que cachorro chato, ela estava “impondo” seu gosto musical! Era só colocar Pink Floyd que ele se deitava e ficava me olhando como quem diz “isso é bom, a gaita, não”. Ah, Mike...

Mike conhecia meus horários, meus movimentos, respeitava meu silêncio e me ouvia quando eu queria. Me surpreendia quase diariamente com alguma trela e sempre me lambia quando eu estava triste.
Ele se deitava bem ao lado da minha cabeça quando eu ficava no chão lendo, vendo filme ou ouvindo música. Foram muitas noites juntos naquela casa úmida ou naquele apartamento extremamente quente.
Mas infelizmente o único defeito dos cães é viver pouco. Mike envelheceu, perdeu a visão, os movimentos das patas, a paciência de me ouvir e, por fim, chegou seu dia. Mike sofreu convulsões e ao levá-lo ao veterinário, fiquei sabendo como ele estava sofrendo e precisamos atenuar aquilo. O dia em que Mike se foi até hoje é o mais triste da minha vida (e a concorrência é grande). 

O vazio quando cheguei em casa e não tinha mais meu cachorrinho me esperando foi tão grande que doeu fisicamente, minhas pernas fraquejaram, caí e chorei copiosamente. Mike se foi... Um verdadeiro amigo de 14 anos me deixou e eu tive que aprender a viver sem ele...

Ainda sonho com Mike, impressionante! Acredito que qualquer outro cão que entre em minha vida vai sempre ter à sua sombra, aquele cachorro preto, chato e adorável.
Saudade de você meu amigo, Mike! 


quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Som da Revolução - Parte 2

Parte 1 aqui

O livro passa da sua metade e as atenções são muito mais para o contexto do que a música. Fica mais claro como Rodrigo Merheb pensou bem para construir sua narrativa de apenas cinco anos dos anos 60. A Inglaterra fica um pouco de lado e os EUA são o caldeirão musical.

É nesse país que o livro se concentra pra discutir a produção musical mais uma vez contextualizada com cada cidade. Los Angeles e Detroit ganham importância como sede do The Doors e MC5, respectivamente. A classe média dominante e suas músicas de autoafirmação do branco estadunidense tem destaque, assunto delicado e tratado de forma magistral. Da concepção ao impacto final do Festival de Woodstock e como a geração da paz e amor morreu no Festival de Altamont recebem textos ricos, detalhados e elucidativos.

As toneladas de informações seguidas de reflexões prendem ainda mais o leitor e a maneira como Merheb muda de um assunto para outro sempre fazendo uma ponte sutil é inteligentíssima. É assim que saímos de Amsterdam e o Bed In de John Lennon e Yoko Ono para o show do The Doors em Miami no mesmo parágrafo; da mesma forma percebemos a transição de Abbey Road e Let It Bleed em 1969, quando cada banda via o mundo à sua maneira (Beatles no aquários e Stones com o pé na lama) e entendemos como David Bowie e Led Zeppelin herdaram a ressaca dos anos 60. Excelente!

Motherfuckers, panteras negras, iyuppes, contacultura, Hell´s Angels, hippies... Estão todos lá!  

O livro termina de forma fantástica, os excessos dos anos 60 trouxeram uma geração ressacada nos anos 70 quando as várias utopias e “verdades” caem por terra. O coletivismo dá lugar ao individualismo! A revolução não acontece, a indústria fonográfica se profissionaliza, o rock muda, as ramificações se intensificam e o livro acaba...

Fica uma sensação de vazio após ler um livro tão instigante como esse...

Parte 1 aqui

terça-feira, 16 de outubro de 2012

A corrupção nossa de cada dia


Para longe da ingenuidade que esse post possa parecer, é preciso refletir como a corrupção se instalou de maneira onipresente nas nossas vidas.

Se antes as refeições dos brasileiros eram acompanhadas por telenovelas, filmes enlatados e telejornais ufanistas. Atualmente somos bombardeados com noticias sobre corrupção. A coisa está tão banal que diariamente temos denúncias de corrupção e nos acostumamos a isso.

Outro dia, ao falar que gostava das coisas corretas e abominava a desonestidade, um colega me criticou dizendo “esses caras que querem ser honestos são os piores”. Pior em quê? Ele apenas desdenhou... Chegamos ao ponto que precisamos nos livrar dos honestos! É uma vergonha ser honesto!?!?

E para mim, a pior desonestidade é aquela do “cidadão comum”. É tão frequente que chega a normatizar as relações humanas. O “toma-lá-dá-cá”, as práticas clientelistas, os subornos, os “jeitinhos”. Perdemos nosso referencial de honestidade? Esse referencial já existiu? O que é honestidade? O mundo realmente é assim? Ou precisa ser assim?

Para que a maioria das pessoas reflitam sobre isso, poderíamos fazer a eleição do corrupto da rodada, como fazemos no futebol com seus gols e jogadores. Olha lá, essa semana será o Deputado tal, mas na próxima será o Vereador, ou Senador, ou Prefeito... Se a coisa pegar, podemos fazer um Big Brother com os “cidadãos comuns”. Assim, esses anônimos do cotidiano serão também reconhecidos pelos seus “grandes” feitos!

Afinal, pra que ser honesto, né?

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Eu não voto em quem...


Chegando à reta final das eleições e eu aqui sem a obrigação de votar porque estarei em outra cidade, fiquei me perguntando em quem votaria. Há muito tempo voto no “menos ruim” e não no “melhor”. Vejo que a cada eleição cai a qualidade dos candidatos ou aumentam as minhas exigências. Pensei então em quem não votaria...

Eu não voto em quem pede o meu voto
Eu não voto em quem despreza o adversário
Eu não voto em quem só aparece em época de eleição
Eu não voto em quem coloca outdoors pelas ruas
Eu não voto em quem paga pra “enfeitar” carros
Eu não voto em quem coloca cavaletes nas ruas
Eu não voto em quem vê carreira política como profissão
Eu não voto em quem ataca o ex-aliado
Eu não voto em quem já teve vários mandatos (sou quase contra a reeleição)
Eu não voto em quem prega o radicalismo
Eu não voto em quem usa a comédia para ganhar voto
Eu não voto em quem aparece em guia eleitoral lendo textos preparados por outros
Eu não voto em quem tem media trainning
Eu não voto em quem já trocou mais de uma vez de partido político

Acho que é isso, espero que nas próximas eleições eu encontre alguém que se encaixe nesses pré-requisitos ou, pelo menos, eu diminua as minhas exigências. Difícil...
Meu voto é importante para mim e faz muita diferença na minha consciência!

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