sexta-feira, 26 de julho de 2013

Entre consumo, consumo e consumo

Consumimos tanto que parece que esse é apenas o sentido de se viver: trabalhar, ter dinheiro, comprar coisas e depois trabalhar... um ciclo que se autossustenta e nos conforta. Quem quer algo precisa comprar (ou roubar) e as novidades pulam em nossas caras. Então foi a TV, a TV à cores, a TV grande, Plasma, LCD, LED, 3D... Pra cada coisa, há uma “evolução” tecnológica e de usos.
Em busca do consumo infinito, nem pedestres podemos ser. Afinal, carros são itens de verdadeira adoração e as cidades cada vez mais cheias deles e de pessoas que reclamam do preço do combustível, tráfico e péssima educação dos motoristas, problemas que não existiriam se tivessemos menos carros.
Isso me chamou atenção ao visitar Miami, talvez a cidade mais consumista dos EUA. Lá, praticamente não existe calçadas!! Se queres andar, só em locais predeterminados onde haverá lojas para você consumir... Tentei fazer o tipo de turismo que gosto, entre pessoas normais, usando transporte público e indo à lugares onde os residentes gostam de ir... Foi em vão! 
O que vi foi uma corrida frenética para adquirir algo que você nem sabia que existia até aquele momento. Pessoas que ficam a maior parte do tempo dentro de carros e os Malls! Consome-se eletrônicos, comidas, roupas, praias, sonhos... O conforto está diretamente ligado ao quanto você pode comprar...

E consumindo, você vai vivendo, até ficar idoso e ir jogar dominó no shopping (com ar condicionado e  fast foot). Aliás, foi essa cena que presenciei duas vezes – em horários e dias distintos – mas com as mesmas pessoas. Aqueles idosos consumiram tanto, que aparentemente só sabem curtir a vida dentro de um shopping...

sábado, 13 de julho de 2013

O que é Rock'N"Roll brasileiro

Há quem ache que não existe um rock’n’roll brasileiro. Discordo! E no dia do rock eu digo que pra mim é:


o pioneirismo de Cely Campelo; o krig-ha de Raul Seixas; a alma de Tim Maia; o sarcasmos d’Ultraje à Rigor; as fusões de Gilberto Gil; a criatividade d’Os Mutantes; o punk dos Inocentes e Replicantes; as harmonias do 14 Bis; a dureza da Plebe Rude; a entrega de Cazuza; a inventividade dos Novos Baianos; a jovem guarda de Erasmos; Wanderléa e Roberto; o clube de Milton Nascimento & Lô Borges; a leveza de Marina; o ostracismo forçado de Wilson Simonal; a longevidade dos Paralamas do Sucesso; as melodias do Kid Abelha; a lucidez de Belchior; o setentismo d`A Bolha e d’O Terço; a mística de Zé Ramalho; a podrera dos Ratos de Porão; os covers de Renato e Seus Blue Caps e The Fevers, a chatice dos Los Hermanos; o lirismo de Nando Reis; o manguebeat do Mundo Livre S/A; a raiva do Ira!; o escracho do João Penca e seus Miquinhos Amestrados; o xote dos Raimundos; as maluquices de Tom Zé; a ruralidade de Sá, Rodrix & Guarabira; o pop de Lulu Santos; a teatralidade da Blitz; o swing de Jorge Ben; a vanguarda dos Secos & Molhados; a visceralidade de Cássia Eller; o peso do Made In Brazil; as loucuras de Lobão; o ressuscitar do Capital Inicial; a pegada do Barão Vermelho; o retrô do Cachorro Grande; as reinvenções de Caetano; a emoção da Legião Urbana; as várias faces dos Titãs; o pé no chão d’O Rappa; o ativismo do Planet Hemp; a alvorada do RPM; o concreto de Arnaldo Antunes; a simplicidade do Camisa de Vênus; as letras dos Engenheiros do Hawaii; o reggaerock do Skank; a sinceridade de Fagner; o psicodelismo da Ave Sangria; o sotaque de Rithie; a revolução de Chico Science & Nação Zumbi; o trash do Sepultura e a genialidade de Rita Lee!

Para o que é Rock'N'Roll, aqui

domingo, 7 de julho de 2013

O iraniano, o estadunidense e o brasileiro?

Uma das pessoas mais interessantes que conheci em Québec foi um iraniano. Extremamente amável, atencioso e inteligente. Sempre me perguntava sobre os países ocidentais e de como ele é curioso em conhecê-los. Falava-me entusiasmado da sua religião e de como nós, aparentemente, não entendíamos algumas coisas. Sempre me perguntava sobre o cristianismo com um misto de surpresa e respeito. Tentava entender o que representa Jesus Cristo para “nós” ocidentais.
Mas ele me falou também da frustração de quando teve um trabalho aprovado em um congresso na França, comprou passagens, reservou hotel, mas teve seu visto negado! O motivo: a política externa de seu país, provavelmente. Desabafou como aquilo foi um dos momentos mais tristes da sua vida. Ser rejeitado pelas ações do seu país é duro.

No dia do meu regresso, recebi um telefone de um americano com quem costumava conversar por horas sobre política externa e nossas impressões de Québec. Sabendo que poderia ser a última vez que conversaríamos, ele foi muito franco em como se sentia sendo estadunidense, como seu país é complexo e cheio de conflitos internos e como ele condena as ações de seus governos.
Ao mesmo tempo que ele me dizia isso, percebia uma misturava de revolta e frustração por ser tratado “como americano”. Dizia-me como se esforçava para conhecer as pessoas, ser amigável e mostrar como ele era. Mas “o peso de ser americano” era mais forte e que ele era discriminado por isso. Eu lhe disse: “muita gente odeia seu país” e ele me respondeu “eu sou uma dessas pessoas” e emendou “nunca me esforcei tanto para ser aceito como sou, mas simplesmente não funciona”. Para ele, havia a sensação de ser o alvo de todas as críticas aos seus governos. 

 “Numa inversão de papéis” (e aqui estou sendo irônico), o iraniano se deslumbrou com o capitalismo canadense que tem nos EUA um dos seus principais representantes e comprou tudo que pôde das marcas famosas, enquanto o americano buscava se despir de toda uma vida preparada para ser consumista.

O iraniano e o estadunidense sofrem com uma imagem criada sobre seus países. Essas imagens soterram o que são individualmente e os deixam frustrados, marginalizados. E fiquei pensando, é a mesma coisa com os brasileiros?!?!

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