segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Monsieur Clauzon, o "parisiense" gentil

E eu que já tinha preparado a sequência de músicas para as cinco horas de viagem,  fui surpreendido. Em vez de desfrutar os novos discos dos septuagenários David Gilmour e Keith Richards, tive a grata surpresa de conhecer o Monsieur Clauzon, 82 anos!

Monsieur Clauzon é uma dessas pessoas com uma história riquíssima, filhos de pais franceses, nasceu no Vietnã e só veio à França aos quinze anos de idade. 

Chegou no trem tranquilamente, me cumprimentou, sentou ao meu lado e começou a puxar papo. Eu respondi educadamente, mas estava mesmo com a cabeça nas músicas que iria ouvir. Monsieur Clauzon insistiu educadamente em conversar (características pouco presente nos parisienses que encontramos por ai), tirei os fones do ouvido e embarquei na viagem dele...

Foram cinco horas de conversa sobre vida, morte, viagens, filhos, imigrantes, futebol (como ele conhece bem o tema) e sua maior paixão: a fusão à frio. Ele falou sobre o tema de uma forma apaixonada e me mostrava dados e nomes de pessoas manuseando com desenvoltura seu smartphone! Por fim, minha filha ainda ganhou um presente (um jogo que não sei muito bem como funciona ou se é para sua idade).

A serenidade do Monsieur Clauzon me chamou muita atenção, assim como a sua frustração. Ele havia descoberto a tal fusão tardiamente e, segundo ele, não estaria mais presente nesse mundo quando ela se tornasse uma realidade.

- Comecei tarde demais. Fiz tanta coisa, mas essa que pode mudar o destino da humanidade, eu comecei tarde demais - Disse tranquilamente o Monsieur Clauzon.

Eu fiquei ali olhando aquele senhor. Eu estava surpreso e pensando um monte de coisa ao mesmo tempo...


Monsieur Clauzon vai deixar esse mundo, se cedo ou tarde, eu não sei. É provável que eu nunca mais tenha notícias dele ou que a fusão não passe de experiências dentro de um laboratório, mas a lembrança daqueles cinco horas entre Toulouse e Paris ficarão guardadas. 

- Muito obrigado pela agradável viagem Monsieur Clauzon - Assim eu me despedi. 
- Aproveite a vida - respondeu ele.  


domingo, 4 de outubro de 2015

Sob influência de Keith


Nos primeiros minutos do filme, escutando um blues, Keith pega um copo com whisky. Pausei! Imediatamente fui uma dose pra mim também. Isso é coisa pra se assistir com whisky...
  
Keith Richards, a persona quase indestrutível que conhecemos está lá! Com todos os seus maneirismos ao tragar um cigarro, andar com os ombros "soltos", falar como se as palavras não fossem sair e tocando na guitarra como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo (para ele, parece ser).

Londres, Chicago, Nashville, Nova York... Muddy Waters, Howlin' Wolf, Chucky Berry, Rolling Stones X-pensive Winos... Blues, rock, country, reggae... Keith não é indestrutível, certamente. Percebe-se a força dos anos em seu rosto e suas mão.

Porém, diferente do seu livro Vida, o documentário não procura apresenta um lado desconhecido de Keith, parece mais uma tentativa de mostrá-lo assim como ele é. Pode ser uma boa introdução para quem nunca o viu fora dos Stones, mas certamente é excelente para quem já está familiarizado com sua imagem. Ver Keith fora dos Stones é a melhor maneira de tentar entendê-lo e, principalmente, perceber a força criativa por trás da banda.

- Parece que quando você era jovem você queria ser como um desses caras (bluseiros como Muddy Waters) e agora você é - diz um entrevistador.  
- Sim, eu sei - com um olhar indescritível...

Esta é uma das cenas finais e diz muito mais sobre Keith o que os 70 minutos de Under influence. O documentário termina e eu estou sob influência de Keith e Whisky! 

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