sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Nenhum lugar, lugar nenhum

Quando fiz 25 anos eu "modifiquei" a letra da música À Palo Seco para “tenho 25 anos de sonho e de sangue e de América do Sul e mesmo com esse destino um tango argentino não vai melhor que um blues”... Era a verdade!
Eu não me encaixava na América do Sul. Mesmo gostando e admirando muita coisa em relação à sua cultura, era a Europa (mais especificamente a Inglaterra) que me chamava atenção. A música, o idioma, o clima... eu me sentia fora do lugar. Cresci ouvindo o que não gostava, indo a lugares que não me identificava, fazendo coisas que não me satisfazia... como se eu tivesse num lugar que não pertencia...

Aos 35 anos percebo que realmente uma música dos Beatles, Pink Floyd, Muddy Waters ou R.E.M. me diz mais do que Paralamas, Legião Urbana, Alceu Valença ou Chico Buarque (mesmo que eu os admire). 
O frio, o céu cinza e até a porcaria da neve me deixam mais confortável que o sol e as temperaturas elevadíssimas de onde cresci e sempre vivi. Poderia pensar que em uma outra vida, habitei um lugar diferente ou poderia pensar que o poder da mídia me fez sentir atraído por uma cultura que não seria a minha.
Agora estou em um lugar que não é o onde cresci vendo (e ouvindo) e, mesmo assim, me sinto mais "confortável" do que no Brasil. E não me sinto em casa aqui, como não me sinto mais em casa no Brasil. Logo me lembrei de uma outra musica que diz "não sou brasileiro, não sou estrangeiro, eu não sou de nenhum lugar,sou de lugar nenhum " dos Titãs.


Ora, as duas músicas que citei aqui são brasileiras... que coincidência, que ironia, que contradição... 

Obsrvaão: as duas fotos foram tiradas do mesmo local (Université Laval) com um intervalo de 7 meses em 2013

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