Quando fiz 25
anos eu "modifiquei" a letra da música À Palo Seco para “tenho 25
anos de sonho e de sangue e de América do Sul e mesmo com esse destino um tango
argentino não vai melhor que um blues”... Era a verdade!
Eu não me
encaixava na América do Sul. Mesmo gostando e admirando muita coisa em relação
à sua cultura, era a Europa (mais especificamente a Inglaterra) que me chamava
atenção. A música, o idioma, o clima... eu me sentia fora do lugar. Cresci
ouvindo o que não gostava, indo a lugares que não me identificava, fazendo
coisas que não me satisfazia... como se eu tivesse num lugar que não pertencia...
Aos 35 anos
percebo que realmente uma música dos Beatles, Pink Floyd, Muddy Waters ou
R.E.M. me diz mais do que Paralamas, Legião Urbana, Alceu Valença ou Chico
Buarque (mesmo que eu os admire).
O frio, o céu cinza e até a porcaria da neve
me deixam mais confortável que o sol e as temperaturas elevadíssimas de onde
cresci e sempre vivi. Poderia pensar que em uma outra vida, habitei um lugar
diferente ou poderia pensar que o poder da mídia me fez sentir atraído por uma
cultura que não seria a minha.
Agora estou em
um lugar que não é o onde cresci vendo (e ouvindo) e, mesmo assim, me sinto
mais "confortável" do que no Brasil. E não me sinto em casa aqui,
como não me sinto mais em casa no Brasil. Logo me lembrei de uma outra musica que
diz "não sou brasileiro, não sou estrangeiro, eu não sou de nenhum lugar,sou de lugar nenhum " dos Titãs.
Ora, as duas
músicas que citei aqui são brasileiras... que coincidência, que ironia, que
contradição...
Obsrvaão: as duas fotos foram tiradas do mesmo local (Université Laval) com um intervalo de 7 meses em 2013
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