Certa vez me disseram
que Rita Lee é a maior rockeira de todos os tempos. Na hora eu disse “não”
(reflexo de quem cresceu ouvindo rock britânico e estadunidense). A mesma
pessoa me perguntou “então, quem é?”...
Silêncio...
Interessante que um dos
meus primeiros LP’s, comprados na antiga Mesbla pela minha mãe, foi o Flerte
Fatal e já assisti a seu show em Recife em 2001. Mas nunca me aprofundei na sua
obra e sinto que perdi anos nessa negligência.
Letras provocativas e
uma música quase sempre swingada, Rita fez uma das melhores fusões entre
o “lá de fora” e o “aqui de dentro”. Aberta a novas influências, sem esquecer
sua essência, ao lado do seu marido e músico Roberto de Carvalho, nos deu um
catálogo de música inigualável no mundo.
Conseguiu, como poucos, sair dos anos 60 e transitar pelas décadas seguintes sempre associando
qualidade musical ao sucesso radiofônico e nunca deixando de ser relevante. Rita
é simples e sofisticada ao mesmo tempo e o sucesso que sempre teve no país não
está de acordo com o pouco reverenciamento que recebe. Imagina se ela fosse do
hemisfério norte?
Biograffiti, série em
três atos (DVD’s), é uma imersão na vida e obra de Rita Lee. O primeiro momento
é o Ovelha Negra, onde Rita fala da sua vida, família, influências e sua
trajetória musical, com detalhes que envolvem Os Mutantes, tropicalista, a
banda Tutti Frutti e sua carreia solo. O segundo ato, Baila Comigo, é dedicado
a música, com o processo de composição, parcerias e shows. O último momento é o
Cor de Rosa Choque em que discute a sua trajetória como mulher no Brasil
desde os anos 50, quando iniciou suas contestações ao mundo masculino. “Não precisa de culhões pra fazer rock,
pode-se fazer com ovário”, segundo ela! Só senti falta de mais imagens
antigas. Ficamos muito nas descrições e narrações da própria Rita.
É tudo tão espontâneo
que vi os três documentários e os recomendados extras sem perceber a hora
passar. Depois me vi pesquisando ainda mais sobre ela e, por fim, escrevendo
esse post no calor da empolgação.
Biograffiti é mais que
recomendado!
Se alguém me
perguntar quem é a maior rockeira de todos os tempos...
Rita, lembro-me bem, teve um papel importante no rock nacional: a resistência. Ela, junto com Raul Seixas, segurou a onda quando não existia o chamado rock nacional. Sem falar na antológica participação nos Mutantes, só isso já lhe renderia um lugar no Olimpo. Fez bons discos, ouvi muuuuuuuuuito, faz parte da minha formação. Entretanto, sua veia criativa acabou no final da década de 80. De lá pra cá vive de declarações polêmicas e shows chatos. Ficou velha por dento também, não tomou o elixir mágico dos roqueiros. Pena!
ResponderExcluirEu ainda conheço pouco... Fiquei nos Mutantes e nos seus hits solos, mas ouvindo o discos até início dos anos 80, fiquei impressionado... O show que vi dela foi bem interessante...
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