Mike era um excelente
companheiro à tarde e à noite, curiosamente ele gostava de dormir pelas manhãs.
Algo que se encaixava perfeitamente comigo.
Mike entrou na minha
vida quando eu era adolescente e se tornou um grande companheiro, mesmo sendo um cão pequeno. Passamos
muitos momentos juntos. Pra ele, eu falava sobre os amores, as
frustrações, as dúvidas, os desejos, a vida e até sobre música e cinema. Ele
sempre estava lá com um olhar cúmplice, uma orelha levantada ou uma cauda
abanando! Eu até acho que ele me entendia, mas sabiamente se fingia de cachorro
pra que eu me sentisse mais à vontade em me abrir...
Mike gostava de PinkFloyd e detestava Bob Dylan! O curioso é que eu estava ávido para conhecer
Dylan, mas Mike não deixava. Ficava uivando toda vez que a gaita tocava. Era um
tormento! Que cachorro chato, ela estava “impondo” seu gosto musical! Era só
colocar Pink Floyd que ele se deitava e ficava me olhando como quem diz “isso é
bom, a gaita, não”. Ah, Mike...
Mike conhecia meus
horários, meus movimentos, respeitava meu silêncio e me ouvia quando eu queria.
Me surpreendia quase diariamente com alguma trela e sempre me lambia quando eu
estava triste.
Ele se deitava bem ao lado da minha cabeça quando eu ficava no chão lendo, vendo filme ou ouvindo música. Foram muitas noites juntos naquela casa úmida ou naquele apartamento extremamente quente.
Ele se deitava bem ao lado da minha cabeça quando eu ficava no chão lendo, vendo filme ou ouvindo música. Foram muitas noites juntos naquela casa úmida ou naquele apartamento extremamente quente.
Mas infelizmente o único
defeito dos cães é viver pouco. Mike envelheceu, perdeu a visão, os movimentos
das patas, a paciência de me ouvir e, por fim, chegou seu dia. Mike sofreu
convulsões e ao levá-lo ao veterinário, fiquei sabendo como ele estava sofrendo
e precisamos atenuar aquilo. O dia em que Mike se foi até hoje é o mais triste
da minha vida (e a concorrência é grande).
O vazio quando cheguei
em casa e não tinha mais meu cachorrinho me esperando foi tão grande que doeu
fisicamente, minhas pernas fraquejaram, caí e chorei copiosamente. Mike se foi...
Um verdadeiro amigo de 14 anos me deixou e eu tive que aprender a viver sem
ele...
Ainda sonho com Mike,
impressionante! Acredito que qualquer outro cão que entre em minha vida vai
sempre ter à sua sombra, aquele cachorro preto, chato e adorável.
Saudade de você meu
amigo, Mike!
Mais uma vez, um texto que me contempla. Eu já tive um Mike. Lendo, eu voltei no tempo agora. Obrigado novamente por resgatar minha memória afetiva.
ResponderExcluirPois é, mesmo em lugares diferentes, as vidas se parecem... Isso é ótimo!!
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