O livro passa da sua
metade e as atenções são muito mais para o contexto do que a
música. Fica mais claro como Rodrigo Merheb pensou bem para construir sua narrativa
de apenas cinco anos dos anos 60. A Inglaterra fica um pouco de lado e os EUA
são o caldeirão musical.
É nesse país que o
livro se concentra pra discutir a produção musical mais uma vez contextualizada
com cada cidade. Los Angeles e Detroit ganham importância como sede do The
Doors e MC5, respectivamente. A classe média dominante e suas músicas de
autoafirmação do branco estadunidense tem destaque, assunto delicado e tratado de forma
magistral. Da concepção ao impacto final do Festival de Woodstock e como a
geração da paz e amor morreu no Festival de Altamont recebem textos ricos,
detalhados e elucidativos.
As toneladas de
informações seguidas de reflexões prendem ainda mais o leitor e a maneira como
Merheb muda de um assunto para outro sempre fazendo uma ponte sutil é
inteligentíssima. É assim que saímos de Amsterdam e o Bed In de John Lennon e
Yoko Ono para o show do The Doors em Miami no mesmo parágrafo; da mesma forma percebemos a transição
de Abbey Road e Let It Bleed em 1969, quando cada banda via o mundo à sua
maneira (Beatles no aquários e Stones com o pé na lama) e entendemos como David
Bowie e Led Zeppelin herdaram a ressaca dos anos 60. Excelente!
Motherfuckers,
panteras negras, iyuppes, contacultura, Hell´s Angels, hippies... Estão todos
lá!
O livro termina de
forma fantástica, os excessos dos anos 60 trouxeram uma geração ressacada nos
anos 70 quando as várias utopias e “verdades” caem por terra. O coletivismo dá
lugar ao individualismo! A revolução não acontece, a indústria fonográfica se
profissionaliza, o rock muda, as ramificações se intensificam e o livro acaba...
Fica uma sensação de
vazio após ler um livro tão instigante como esse...
Parte 1 aqui
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