
E quem entende o prazer de comprar um disco? Não falo do lançamento da novela ou dos maiores sucessos do seu artista preferido e sim aquele disco, aquele fora de catálogo, aquele que gravadora não fabrica mais há anos! Aquela edição especial com uma música bônus, não importa que seja um ensaio e que o som esteja péssimo, você paga até o dobro só pra ter aquela música mal tocada e mal gravada. E quando encontra o disco com o preço bem abaixo do que vale? Seja naquela liquidação de uma loja de departamento ou no sebo? Não há palavras pra explicar a sensação de pegar o disco, olhar pra ele, pagar e ir pra casa. Mesmo que você só vá escutá-lo horas depois, às vezes dias depois. O que importa é que você agora o tem, ele é seu!

E o dinheiro? De onde vem tanto dinheiro pra comprar essas coisas? Ah... vem de outros pontos do orçamento mensal. Não importa se você vai deixar de sair com os amigos (isso sempre se dá um jeito), não importa que esse mês você não tenha mais condições de ir a um restaurante legal (isso fica pra depois) e não importa que suas roupas estejam surradas (pra que quero roupa se posso ficar em casa ouvindo meus discos?). E se for no cartão de crédito? Depois você resolve. Pra quem compra disco por prazer, os outros prazeres ficam em segundo ou até terceiro plano. Claro que aquele momento de prazer acaba, mas volta assim que você encontrar o próximo disco.

O primeiro concerto beneficente já feito. George Harrison convidou amigos e parceiros para fazer um espetáculo em nome de Bangladesh, local de nascimento de seu grande amigo Ravi Shankar. Ringo Starr cantou seu então hit, a excelente It Don´t Come Easy, mostrando que uma carreira solo sairia do “quarto” Beatle; Leon Russel fez um medley com Youngblood e Jumpin´ Jack Flash; Billy Preston empolgou com That´s The Way God Planned It e Shankar apresenta uma longa peça indiana. Bob Dylan (que só confirmou presença quando entrou no palco), executou Blowin’ In The Wind, The Times They Are A-Changing, Mr. Tambourine Man e Just Like a Woman. George Harrison fez uma apresentação esplendorosa com músicas da sua então recente carreira solo como Beware of Darkness, My Sweet Lord e Bangladesh e os clássicos absolutos dos Beatles Here Comes the Sun, Something e While My Guitar Gently Weeps. Tudo isso com a participação de um guitarrista chamado Eric Clapton! Mais histórico que isso, quase impossível...


Era o Led Zeppelin na sua reta final. Os dias do Led Zeppelin II, Led Zepellin VI, Houses Of The Holy e Physical Graffiti tinham ido... agora era pra se contentar com o inócuo In Though The Out Door! E se não estavam tão inventivos no estúdio, no palco parecia que uma nova era começava... os anos tocando juntos davam ao quarteto uma dinâmica impressionante. Achilles Last Stand é uma das coisas mais bem feitas que eu vi até hoje ao vivo; Kashimir é um convite à uma viagem mental mesmo no DVD, fico imaginando vendo e ouvindo lá; Rock And Roll está na sua melhor versão ao vivo e Whole Lotta Love parece reinventada no palco, principalmente na sua segunda metade. Como pode uma banda fazer isso? Não sei, melhor nem saber... John Bohan se foi... Jimmy Page e Robert Plant gravaram e tocaram juntos várias vezes depois disso, algumas delas com John Paul Jones, mas nada como naquelas duas noites de 1979!



