quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cosmópolis!

Acho que todo mundo tem uma cidade que gostaria de morar, mas que sabe que isso não vai acontecer por diversos motivos. Uma cidade que a gente se identifica e se sente bem.
No meu caso, creio que São Paulo seria essa cidade. Venho sempre por causa da família, mas me sinto, em alguns momentos, como se já fosse um residente.


Eu gosto da São Paulo de dia e de noite... Mercado Municipal, Ibirapuera, Av. Paulista, Galeria do Rock, Vale do Anhangabau, Vila Madalena, Memorial da América Latina, Estação da Luz, MASP... Nas lojas de discos e sebos de livros eu passo horas...



Eu acho muito bom estar numa cidade que nunca dorme, mesmo que ainda me surpreenda o trânsito infernal. Mas o melhor é ter praticamente tudo ao seu alcance. É ver a cultura do mundo todo aparecendo em cada esquina. Parece que São Paulo é bom, mesmo quando é ruim.

Como dizia o paulista Sérgio Britto: Entre prédios e avenidas, Pernas bocas coloridas, No chão onde você pisa, nesse carnaval, O tempo vira e não avisa, E é por você

Feriado nacional, Vida ainda e morte igual, Sol e chuva industrial,no Brasil, Param os carros no sinal, E é por você, e é por você, e é por você



Está escrito na sua testa - menina, Não tenho mesmo nada a perder, A cor da sua pele é que atesta - menina, A grama cresce e ninguém quer ver, Meu mundo sempre está pra nascer



Há um homem morto na calçada, Siga sem medo de nada, Pelo passo da mulata são tamborins, Na tevê a batucada, E é por você



Fogos artificiais, Tédio não me alcança mais, Nas manchetes dos jornais de amanhã, Pára o tempo e volta atrás, E é por você, e é por você, e é por você



Está escrito na sua testa - menina, Não tenho mesmo nada a perder, A cor da sua pele é que atesta - menina, A grama cresce e ninguém quer ver, Meu mundo sempre está pra nascer



Na maior capital, Sob o céu de concreto e o grito das buzinas, Na maior capital, Sob o aço do céu e o cheiro de gasolina, Na maior capital nordestina, Na maior capital nordestina,


Cosmópolis, necrópolis, Cosmópolis, necrópolis, São Paulo, São Paulo, São Paulo, São Paulo



São Paulo (Cosmópolis) - Sérgio Britto




quarta-feira, 22 de junho de 2011

Uma antiga cidade velha

Recife é uma cidade antiga quando comparamos às demais do Brasil, seus 474 anos comprovam isso. Mas hoje Recife está uma cidade velha.

Passei os últimos seis meses longe e, quando cheguei, me deparei com uma cidade com aspecto de lodo, lama e pinturas desgastadas pelas chuvas dos últimos meses. Mesmo os prédios novos que aquecem o absurdo mercado imobiliário parecem obras inacabadas há muito tempo.

A cidade que possui uma cultura referência no Brasil, hoje parece um local esquecido pelo tempo. Tire as pessoas da cidade e parece um cenário de filme pós-apocalíptico.

É uma pena, nunca vi a minha cidade natal assim.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Paul McCartney no Arruda!

Enquanto não acertam a vinda dele, vamos ao aniversário!!!

terça-feira, 7 de junho de 2011

1!

O nome veio de uma das minhas músicas preferidas de Chico Buarque e a imagem de fundo da minha bebida favorita. Mas a idéia surgiu da vontade de dizer um bocado de coisa e nem sempre ter o local pra colocar...

Hoje, após 51 postagens, o blog completa 1 ano!

Agradeço aos 29 seguidores e a todos que colocaram seus comentários ou apenas leram o que escrevi, bem como os colaboradores que gentilmente enviaram seus textos. Sou grato às pessoas que acessaram dos Estados Unidos, Holanda, Rússia, Alemanha, Canadá, Reino Unido, Dinamarca, Portugal e Angola... Mas, claro, a grande maioria do Brasil!!!

Não posso deixar de mencionar que o blog Jornália do Ed foi (e ainda é) de grande inspiração. Aliás, foi nesse blog que tive meu primeiro post publicado.

Vamos para o segundo ano!

Muito obrigado!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O que é sertão?

O sertão não é o Nordeste; esta é uma macrorregião definida politicamente a partir de critérios estabelecidos. O sertão não é o semiárido; esta é uma área com características próprias. O sertão não é um ecossistema ou um bioma. Não é a natureza que o define, mesmo que o homem precise, na maioria das vezes, se adaptar a ela.

E o que é sertão? O sertão é um conceito geográfico e para existir requer algumas condições.

O sertão não é um lugar definido e sim uma condição atribuída a diferentes lugares; não é uma materialidade da superfície terrestre, mas uma realidade simbólica construída com uma imagem à qual se associam valores culturais atribuídos historicamente; é um espaço qualificado para ser apropriado; uma área a ser colonizada e, por isso, não se caracteriza pela ação da sociedade sobre esse espaço.

O principio fundamental para a existência do sertão é a sua localização em oposição à outra. E, com isso, a criação de um espaço subordinado a ser conquistado (colonizado) e superado (modernizado).

O sertão pode ser visto como um espaço para a expansão capitalista, uma área de fundos territoriais e especulação fundiária; local de relações muito fortes e arraigadas entre o homem e a natureza; paisagem cinematográfica ou apenas uma região pobre e desconhecida.

Há algumas explicações sobre a origem da palavra sertão. Uma delas diz respeito a ser essa oriunda de “desertão” da aplicação original mato longe da costa, durante longo tempo aplicado a interiores. É importante observar que, quando pensada a palavra sertão (originada de desertão), reveste-se de um pseudossignificado.

Outra explicação diz que:


O termo mulcetão, de onde, naturalmente celtão e certão é corruptela, diz Frei Bernardo de Carnecatim, do puro angolado, mbunda ou simplesmente e classicamente bunda. Esse termo quer dizer propriamente mato e era empregado pela gente do interior da África Portuguesa. Tornou-se por isso designativo de mato longe da costa, como nas definições dos dicionários. Em seu sentido primeiro em língua bunda: “michitu, muchitu, muchitum; depois, mulcetão por influência lusa; afinal celtão e certão o interior das terras africanas coberto de mataria e nunca deserto grande. Essa origem falsa, à custa de ser apregoada, influiu na grafia da palavra, que passou a ser escrita com s (BARROSO, 1962, p. 12 apud RODRIGUES, 2004).

Com isso, podemos afirmar que o termo sertão já era usado pelo colonizador europeu mesmo antes da sua chegada ao Novo Mundo. A noção de sertão como lugar deserto ou longe da costa remete ao início da colonização.

Os primeiros séculos de colonização vão demonstrar um processo constante de entrada, domínio territorial e a partir da percepção do “desconhecido”, da “alteridade”, do “estrangeiro”, do “outro” que pressupõe a existência do “conhecido”, do “próprio”, do “pátrio”, do “eu” como ponto de referência (SILVA, 2010). É o início do sertão construído “de fora” para “dentro”.

O Brasil começa a pensar as estratégias geopolíticas de conhecer, ocupar, conectar e integrar o sertão ao litoral. O primeiro momento de ocupação do sertão, que dura desde as primeiras décadas de colonização até finais do século XVIII vai gerar uma série de ocupações no interior. A tendência em se ter os caminhos transformados em estradas e os pousos em vilas, criou toda uma ocupação peculiar, com uma cultura e uma identidade, que não era portuguesa e nem brasileira (litorânea).

Mas o projeto brasileiro de integração do sertão com o litoral procurou unir esses dois territórios a partir daquilo que os unificava, o idioma e a fé católica. A integração passou pela intensificação de um sistema de circulação e incorporação econômica, fato que contribuiu muito para o sertão ser visto como algo a ser superado.

Se, como afirma Andrade, o distanciamento criou, no sertão, uma civilização sui generis, o reencontro do sertão com o litoral trará fortes conflitos internos de grande repercussão, tal como A Guerra de Canudos e a tentativa frustrada da criação de um território alheio ao projeto de integração nacional.

Com a chegada do século XX e o aumento da facilidade de comunicação e locomoção, um “novo mundo” chega ao sertão ao mesmo tempo em que esse sertão também busca o mundo.O sertão não é mais um lugar regido pelo ambiente e sim uma construção social. Para cada sertão, uma identidade; para cada identidade, a necessidade de um estudo que procure se despojar dos conceitos pré-estabelecidos ou dos preconceitos. O sertão vem se tornando um objeto de estudo, e, sendo assim, um lugar de observação, síntese e análise de diversos estudos, que vêm crescendo, seja nas instituições de ensino ou em organizações não governamentais.

Na verdade, o sertão são os sertões, aquele que está na mente de cada um e desperta interesse de curiosos e estudiosos. Para além das obras clássicas de alguns autores, que contribuiu cada um, à sua maneira, para a criação e o estabelecimento de uma identidade sertaneja, cabe atualmente entender e refletir sobre essas identidades.

Trecho do livro "Simpatia - histórias, memórias e identidades no sertão" a ser lançado em agosto de 2011. Aguardem!

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