segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Revolver Mudou Minha Vida


Posso dizer que existe uma vida antes e depois do Revolver.


Eu já conhecia Beatles, claro! Help foi a música que marcou uma parte da minha infância, despertando meu interesse não apenas como apreciador, mas como um fã de música. A partir de Help eu comecei a buscar música e não apenas esperar que ela viesse até mim através do rádio ou TV, o que era de costume para a grande maioria das pessoas.


Em 1993 eu estudava num colégio no centro de Recife que ficava a cerca de 200 m de uma famosa loja de discos que misturava coisas novas com raridades (uma das poucas do gênero que ainda hoje existe). Era um oásis para colecionadores naquela época.


Fiquei durante três semanas visitando a loja, apreciando aquele amontoado de Lp´s, camisas e VHS, cd ainda era algo apenas para quem tinha muito dinheiro. Numa tarde de terça-feira fui lá para comprar o meu primeiro LP! De certa forma eu estava orgulhoso, saí de casa na certeza de comprar um disco!!! Havia juntado três semanas de mesada!


Eu não sei exatamente o porquê, mas naquele dia eu larguei mais cedo, fui até a loja e me direcionei à prateleira que continha os discos dos anos 60, lá estavam os lp´s dos Beatles entre outros nomes como Elvis, Rolling Stones, Credence Clearwater Revival e The Mamas & The Papas. Como eu já conhecia alguns discos dos Beatles, decidi comprar aquele que me pareceria mais desconhecido.


Olhei aquela capa em preto-e-branco com uma colagem de fotos misturadas a 4 desenhos que representavam John, Paul, George e Ringo. Eu conhecia apenas duas músicas: Yellow Submarine e Eleanor Rigby. Comprei o Revolver, paguei exatamente Czr. 14.000,00. Peguei o ônibus com aquele monte de gente subindo quase ao mesmo tempo enquanto eu tentava proteger o vinil para que não amassasse ou quebrasse.


Cheguei e fui logo colocando o bolachão pra tocar. O que aconteceu em seguida foi algo que eu simplesmente não consigo descrever.


Uma voz fazia uma contagem “one, two, three, four” e entrava uma batida de guitarra com uma voz firme e logo em seguida uma bateria seca e marcante e depois um backing vocal. As lembranças são bem fragmentadas, mas me recordo de uns acordes de um instrumento para mim totalmente estranho (Love You Too), um riff de guitarra totalmente desconcertante (She Said She Said), um naipe de metais (Got to Get You Into My Life), uma voz que parecia lamentar algo (For No One), uma música que parecia vir de longe e se materializar (I Want To Tell You) e, por fim, uma coisa tão estranha e fascinante que até hoje me faltam palavras pra descrever (Tomorrow Never Knows).


Lembro claramente da minha reação, eu ficava no terraço me perguntando o que é isso? Que banda é essa? Que instrumento é esse? Quem canta isso? Me parecia que essa não era a banda que eu já conhecia há alguns anos.


A partir daquele momento, despertei um interesse em conhecer música, buscar coisas novas (mesmo que sejam antigas), de descobrir novos sons, melodias, vozes, arranjos. De certa forma, aquela tarde e o Revolver moldaram minha personalidade. Creio que até hoje procuro aquela sensação, cheguei perto algumas vezes, mas nenhuma com tanta intensidade. Se hoje eu tenho o costume de “garimpar” cd´s e dvd´s em todas as lojas e cidades que visito, de ter a coleção que tenho, isso aconteceu graças ao Revolver e aos Beatles e aquela tarde de 1993.


O Revolver mudou minha vida!

6 comentários:

  1. Siiiiid!!! Parabéns pelo texto... Deu pra sentir um pouco da emoção que você viveu e descreveu com excelência!
    Revolver foi um dos meus primeiros vinis dos Beatles também, só que eu tinha medo dessa capa na época! rsrs.
    Beijos,
    Thaise.

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  2. Eita, vou ter o prazer de inaugurar os comentários do teu blog. Legal, cara. Já adianto que isso vicia muito. kkkkkkk Começar falando fod beatles dá muita sorte. Seja bem vindo a blogsfera! kk

    Aos poucos vc vai descobrindo os recursos, esquenta não!

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  3. Pois é Brother Sidclay, conheci o Revolver lá no inicio dos anos 90, realmente foi um "choque" de alta voltagem musical. Ouvir e reouvir incontáveis vezes She Said She Said, Taxman, Dr. Robert, I"m only sleeping me fez cada vez mais perceber o quão mágico e rica é a música, sem falar que depois descobri também o Led Zeppelin, pra mim a maior banda de Rock de todos os tempos, he,he,..você não concorda, e Egberto Gismonti. O discó é eterno, e parabéns pelo Blog.

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  4. Carlos, eu não acho o Led nem melhor que os Stones, hehehehe... mas adoro o Led! Está no meu top 10!

    O Revolver é eterno mesmo! Ouvi-lo pela primeira vez é um "choque" mesmo! Abração!

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  5. Legal...Sidclay!

    eu sentia isso também quando ia comprar os lps na antiga Sears aqui na praia de botafogo!

    eu odiava os Beatles mas quando escutei a música Revolution...me deixou doido pois como uma banda em tão pouco tempo...tocava She Loves You e tinha aquele visual e depois ficou como estavão no clipe!

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  6. Breno,

    Revolution é uma pedreira mesmo... Não foi uma das primeiras que ouvi, lembro do impacto de Help! tocando numa rádio, foi quando comecei a perceber que estava gostando dos Beatles e eu ainda era criança...

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