terça-feira, 2 de agosto de 2011

A "rivalidade" dos anos 60 com cara de século XXI


Algumas idéias são tão óbvias e mesmo assim não acontecem. Já tinha dito isso antes quando me referia ao Across The Universe e um dos temas mais discutidos quando se fala do rock dos anos 60, é a rivalidade entre Beatles e Rolling Stones.

O tema é onipresente nos textos que tratam de qualquer uma das bandas como em revistas, jornais, documentários, debates, enfim... Mas não existia um livro para tratar exclusivamente do assunto. Eis que essa lacuna é preenchida com “The Beatles Vs The Rolling Stones – A Grande Rivalidade do Rock’n’Roll” de Jim Derogatis e Greg Kot.

O livro é primoroso nas mais de 190 páginas de imagens, quase todas em cores com excelente qualidade, além de muita informação. É um convite para o deleite dos fãs, sejam mais recentes ou die hard e ainda atendem os curiosos. O primor começa com a capa dura e uma imagem em 3D em que os Beatles se transformam em Stones dependendo do ângulo que você vê.

Mas nem tudo é perfeito, como a premissa ou o pretexto do livro é a rivalidade entre as bandas, algo que todos os membros já desmentiram, o texto parece forçado e quase sempre faz comparações equivocadas.

Os capítulos são:

1 – Criando Mitos – como a imagem de cada banda foi construída com suas influências musicais e trabalho dos empresários – na minha opinião o melhor capítulo.

2 – O cantor, não a canção – uma comparação entre Mick Jagger, John Lennon e Paul McCartney como vocalistas – advinha quem perde feio? Pobre Mick...

3 – Nada é real – a psicodelia de cada banda.

4 – Eu sou o cara da guitarra – mais uma comparação, dessa vez entre George Harrison, John Lennon, Keith Richards, Brian Jones e Mick Taylor! Putz... Se eu fosse músico, certamente detestaria esse capítulo de tão superficial que é.

5 – Os alguns duplos – imaginem comparar o Exile On Main St com o Álbum Branco? Os discos são tão diferentes que é impossível traçar um paralelo que não seja apenas... serem discos duplos!

6 – Entendo as bases – compara Paul McCartney a Bill Wyman como baixistas, advinha quem perde? Pobre Bill...

7 – Palmas para o baterista – mais uma comparação, dessa vez entre Ringo Starr e Charlie Watts – acho que a única que não fica forçada porque o estilo diferente de cada baterista, de certa forma, moldou o estilo das bandas.

8 – And in the end, the Love you make... Etc. Etc. – fala sobre como vivenciaram o fim dos anos 60, com os Beatles se desintegrando e os Stones se renovando. O segundo melhor capítulo.

A ideia é ótima, mas o que torna essas bandas ícones do rock não é o individual e sim o coletivo, isso foi pouco explorado. As comparações ficam mais para fãs em bate-papos do que jornalistas teoricamente conhecedores escrevendo um livro. No fim, os capítulos 1 e 8 se mostram interessantes, os demais são realmente desnecessários.

O trabalho gráfico compensa e torna o livro recomendável para quem gosta das bandas. Se você quer ter apenas um livro bonito em casa ou quer dar um presente legal, adquira esse. Acredito que, nesse contexto, o conteúdo dos textos é desnecessário. Afinal, o século XXI tem visto uma atenção maior ao visual do que ao conteúdo.

2 comentários:

  1. Dos Stones tenho uma camisa e o elepê de "Angie". Só, não me encanta. Beatles sempre, não dá pra comparar! Meu respeito pelos Stones refere-se mais a postura - que parece ser eterna - do que propriamente a música.

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  2. Mas a rivalidade não existia, eles eram amigos... Aliás, até hoje Paul McCartney frequenta a casa de Keith Richards... Eu gosto muito dos Stones!!

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