sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Meia intimidade com Macca

Chegam as férias e eu posso ler aquilo que mais gosto: biografias! Já foram duas até o momento, vamos a primeira.


Cansado de ler ensaios, resenha, artigos, enfim... coisas curtas sobre Paul McCartney, sempre senti falta de um livro sobre ele. Há o excelente Many Years From Now, de Barry Miles, mas é uma biografia oficial que cobre basicamente os anos 60. Então, o livro “Fab – A intimidade de Paul McCartney” me chamou atenção. Seu autor, Howard Sounes, havia entrevistado mais de 200 pessoas e escrito um trabalho que cobria do nascimento até o início de 2009 do maior artista vivo atualmente.


Não li a primeira parte que tratava da sua vida até o fim dos Beatles, eu queria saber do Paul pós-anos 60 (por isso o meia intimidade). Aquele que eu conheço menos. Quanto a isso, o livro é bastante rico em informação e análise. São mais de 300 páginas que tratam da sua depressão com o fim dos Beatles; as diversas formações da sua segunda banda, Wings; seu casamento e dependência de Linda; seu encontro com artistas como Stevie Wonder, Eric Stewart, Elvis Costello e Michael Jackson; a vida mais reclusa dos anos 80; o envolvimento com a música clássica; seu relacionamento com a família (a “parentada” como coloca o autor); a volta às turnês mundiais; o projeto Anthology; a doença e morte de Linda (certamente a parte mais bonita da biografia); seu segundo casamento e os problemas do divórcio ~ entre tantas outras coisas.


Mas esse trabalho não é apenas uma apresentação sucessiva da vida de Sir Paul, é uma constante análise do seu comportamento e, em menos intensidade, da sua obra. Usando o disfarce de imparcial, Howard Sounes, deixa claro que não gosta de Paul McCartney. Nesse sentido, há o bom e ruim. É ruim porque há sempre uma opinião tendenciosa de mostrar que Paul não é a figura de bom moço “construída” nos anos 60 e reforçada nas décadas seguinte. O lado bom é que temos um Paul mais humano, um cidadão com inseguranças, desconfianças e problemas de relacionamento como qualquer um e não a figura ícone do século XX que ainda hoje está nos palcos tocando para milhares.


O problema é fazer isso apenas apresentando fatos. Esse é o grande problema do livro. Não há uma investigação da personalidade de McCartney que pudesse explicar seu comportamento e, com isso, o livro é falho. A escolha das fontes foi a pior possível. Basicamente foram entrevistadas pessoas que passaram pela vida de Paul e saíram com alguma mágoa... Mas acho que esse é o caso da grande maioria das biografias não autorizadas.


Ao me aproximar do fim do livro, entendi o porquê e da palavra “intimidade” no título. O momento que mais tem destaque é o divórcio que Paul vivenciou há alguns anos e Howard narra com a destreza de um jornalista de tablóide. A biografia é altamente recomendada para quem quer saber mais da vida de Paul McCartney (e não da sua obra), possui uma leitura ágil e atraente, mas deixo aqui essas ressalvas.

2 comentários:

  1. Não li o livro mas confio plenamente na sua perspicácia!

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  2. O bom das férias é isso, fazer o que se planeja. Quando leio sobre meus ídolos também gosto de fugir do trivial e procuro aquelas informações que já são de domínio público.

    Abraço!

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