terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Daqui à 50 anos atrás

Eu tenho várias limitações motoras, o que me impede de fazer as coisas que eu quero e as que deixei de fazer; minha filha já tem sua própria família e não pode me dar a mesma atenção de antes; uma parte dos meus amigos já morreu e desde que isso começou a acontecer, não há um dia em que não pense quando eu irei também; a maior parte da minha família (pelo menos aqueles da minha geração) estão distantes ou morreram também. Vivo da minha aposentadoria, felizmente não me falta nada material dentro daquilo que sempre quis pra mim, o que não é muito. Eu tenho 85 anos.


Entretanto, o meu maior patrimônio é o imaterial! Não tive tantas oportunidades, mas aproveitei todas .

Trabalhei menos que a maioria das pessoas, mesmo assim contribuí muito, acho que o mais importante foi saber trabalhar e não fazê-lo em demasia. Nunca valorizei o dinheiro ou coisas materiais como casas, carros e grifes, usava meu dinheiro pra me dar prazer e não mostrar aos outros o que tinha, poucas pessoas entendiam. Tentei evitar ao máximo todas as vaidades, sentia que ela poderia me aprisionar às opiniōes dos outros. Procurei estar próximo (mesmo que longe fisicamente) das pessoas que me achavam importante.
Um dia vou morrer feliz e realizado porque acredito que tomei todas as decisões difíceis (certas ou erradas - mas isso só eu sei) pensando em viver. Eu realmente vivi antes de morrer.

Bom, eu ainda tenho 35 anos, mas penso dessa forma desde os 18, quando o li o texto Instantes de José Luis Borges. Eu pratico a sua reflexão para nunca escrever o que ele escreveu. 

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